sexta-feira, 25 de março de 2011

Dez anos depois

voltei a Utrecht. Cidade holandesa onde vivi enquanto estudante de Erasmus. Agora com mais edifícios e residências, de muitas cores. Com mais estradas, mais cafés. Com as dezenas de bicicletas estacionadas junto aos postes de luz, como antes. Com canais de água acastanhada e esplanadas nas suas margens. E surpreendentemente com muito sol. Com as mesmas panquecas deliciosas na mesma casa no meio da floresta onde costumava ir. Com amigas portuguesas com quem as conversas fluem até ao nascer-do-sol, acompanhadas de chá e stroopwafels quentinhas.
Regressei a Utrecht, sem nostalgia. Há dez anos atrás viver em Utrecht como estudante fez muito sentido. Tenho muito boas recordações daquele tempo e a certeza de que foi lá que a fase de nomadismo que tanto me fez crescer e me levou a conhecer uma parte do mundo começou. Mas não tenho saudades. Cada coisa no seu tempo. A vida que tenho agora é diferente mas faz mais sentido para a pessoa que hoje sou. Deve ser isso que significa seguir em frente, largar a vida de antes para aceitar a de agora mantendo da vida anterior aquilo que me ajuda a aproveitar a vida que vem a seguir. E de vez em quando voltar aos locais da década anterior, só para espreitar.

terça-feira, 15 de março de 2011

A te (Para ti)

Gosto disto:

http://www.youtube.com/watch?v=FSea1YPxK1c

A todos vocês, que são a substância dos meus dias... e a ti, porque simplesmente és.

Quando começa a chover em Ispra

não pára durante dias. Daquela chuva miudinha que aborrece, que não deixa nenhuma abertura para os raios de sol. Dias seguidos de céu cinzento, casaco grosso impermeável e estradas inundadas. Vendo as coisas pelo lado positivo, quando começa a chover por esta altura do ano é sinal de que a Primavera está a chegar. E pelo menos as 9h da manhã já marcam 8º em vez dos -4º de há duas semanas atrás. Não sei se este pensamento para uma portuguesa cujo organismo funciona a energia solar será assim tão positivo a longo prazo, mas dá para lidar com a escuridão destes dias.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Hoje descobri...

... que há geógrafos que escrevem best-sellers sobre a bondade humana. Eu sabia que a Geografia tinha o dom de conseguir meter o bedelho em quase tudo o que é assunto, porque (quase) tudo faz parte do funcionamento deste planeta, mas pensava que os assuntos espirituais eram uma das excepções. Felizmente enganei-me. Obrigada Yi-Fu Tuan, pela tua visão abrangente e conciliadora.  

"By encouraging people to play at being good, manners may make people actually good; at least, such play, sincere or not, will make society itself more genial, more civilized" (18).
 "A test of sainthood is whether the person was widely and deeply loved. That seems to me even more convincing than an enumeration of good deeds, which can all be performed for mixed motives. ... But perhaps the most convincing test of whether a person is truly good is this. In his or her presence, does one feel oneself a better and more intelligent human being?" (180-1).